25.2.03

DEBAIXO DO TAMARINDO
Augusto dos Anjos


No tempo de meu Pai, sob estes galhos,
Como uma vela fúnebre de cera,
Chorei bilhões de vezes com a canseira
De inexorabilíssimos trabalhos!

Hoje, esta árvore, de amplos agasalhos,
Guarda, como uma caixa derradeira,
O passado da Flora Brasileira
E a paleontologia dos Carvalhos!

Quando pararem todos os relógios
De minha vida, e a voz dos necrológios
Gritar nos noticiários que eu morri,

Voltando à pátria da homogeneidade,
Abraçada com a própria Eternidade
A minha sombra há de ficar aqui!

21.2.03

A estrada para o sucesso não é uma reta !Há uma curva chamada "Fracasso" um trevo chamado"Confusão", quebra-molas chamados "Amigos", faróis de advertência chamados "Família" e pneus furados chamados "Empregos". Mas...se você tiver um estepe chamado "Determinação" um motor chamado "Perseverança", um seguro chamado "Fé" e um motorista chamado "Jesus", você chegará um lugar chamado "**Sucesso**".


"Quando o amor vos chamar segui-o
Embora seus caminhos sejam agrestes e escarpados
E quando ele vos envolver com suas asas
Cedei-lhe
Embora, a espada oculta em sua plumagem possa ferir
E quando o amor vos falar
Acreditai nele...
Embora sua voz possa despedaçar vossos sonhos
Como o vento devasta o jardim
E da mesma forma que o amor vos coroa
Assim também ele vos crucifica
E da mesma forma que ele sobe até vos soltura
e acaricia os seus ramos mais tenros que se embalam ao sol
Assim também ele desce até as vossas raízes
E a sacode do seu apego a terra..."
(Khalil Gibran)

16.2.03



Enquanto somos ignorantes
Peterson Foka

Enquanto me preparo para a guerra
O bombardeio já começou, lá fora
A fumaça camufla a verdade
A imensidão ignora a realidade
Enquanto cavo buracos na penúmbra
Mísseis abrem crateras meio ao desespero
Estruturas viram lembranças
Vozes clamam socorro.
Enquanto admiro a poluição humana
Inocentes cheiram o resultado
De mais uma irreparável tragédia:
O suicídio de seu país.
Enquanto pássaros alimentam suas crias
Mães protegem seus filhos, em abrigos
Prolongam o fim da esperança
Amamentam a tristeza de sua família.
Enquanto anseio pela chegada do meu fim
O mundo manifesta pelo recomeço
A natureza implora liberdade
A vida almeja pela paz.
Enquanto pensamos que somos únicos
Fracassamos como um todo
Deixamo-nos tolos e inertes
Diante a angústia de nossa ignorância
Se a irracionalidade não despertar
Veremos a eternidade cegar
Presenciaremos a ruína de nossa criação
Cairemos ouvindo vozes vazias.

11.2.03

A irônia de alguns fatos me leva a crer que a subsistência dessa carne pútrida é adjacente aos nossos erros cometidos diante a extensão da vida. Seres severamente fracos e obsoletos, temos resistência ao contrário quando deveríamos nele caminhar para compreendermos. Somos facilmente abalados por simples ataques, quando deveríamos entender que estes nos revela o amanhã. Somos incrivelmente críticos aos alheios e esquecemos de nós mesmos. O nosso futuro não será definido pelo que somos capazes de fazer, mas sim pelo que não somos.

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9.2.03

Vivo, e talvez meu destino seja alterado diante minhas escolhas, mas nada disso importa se meu real desejo não for suprido. Vivo sobre este leito de obrigações servindo de escravo para mim mesmo, sem ao menos durmir sem enfrentar os pesadelos comuns. Meu ser e minhas palavras parecem tornarem-se morbidas quando a extensão do tempo o faz influenciar minha razão. Não tenho desejo de abraçar notas do capitalismo, tão pouco mergulhar neste mundo materialista. Queria apenas estar aí, ao seu lado, sentindo o tempo mundar... sentindo o ar trazer bons sonetos da nossa história. Até quando minha incocência me fará crer que isto ainda acontecerá? Tendo a aceitar a ruína antes mesmo dela acordar, mas desta vez isso não se aproxima da realidade. Talvez porque a perfeição faz me sentir falta de todos os segundos desse passado. Apesar de tudo isso, dos meus lamentos e desejos constantes, sei que você não mais pensa em mim antes de adormecer. Sei que não mais faço parte da tua jornada... em algum lugar desta estrada fui jogado as mananciais... minha volta não é mais bem vinda. Que assim seja

8.2.03


O Metrô
Peterson Foka

Vagão,
que vaga pelos intermináveis corredores obscuros
percorre pela vida, pela morte
atravessa as ruinas do desespero
causa dor ao incrédulo.

Voa, voa
Acelera em direção ao destino
Detenha-se quando o encontrar
Recolha aqueles que a ti são fiéis
e leve-os a suas inesperadas jornadas

Oh, quão manso se torna
quando cruza a destemida noite
Seus intervalos se prolongam
Causam a impaciência
dos poucos que ainda o esperam

És tu, tão bravo guerreiro
Eleva-te em tua valentia
ao defrontar a luz do nascimento
Socorra os que te clamam
Seja o transporte do pensamento passageiro

Ajude-me, pai do subterrâneo
Estou preso, meio a multidões de sentimentos
Sons confusos atordoam-me
O bebê chora, enquanto a mãe observa o Rio
através da janela da compreensão

Viaje, corte as muralhas do tempo
Lá fora o gélido, aqui dentro suas vidas
compartilham os trilhos dos postigos
Guiam as hostes de nossos desejos
Hoje e todo o sempre.



3.2.03

Saudade. Eis algo que incansavelmente me ataca esperando minha rendição. Não sou um homem de cair diante à ameaças sórdidas, mas a cada passo o ar fica mais denso... meus pensamentos mais complexos... minhas escolhas mais doloridas... E esse sentimento de dor pela ausência de alguém, que sempre espera por uma oportunidade, me perturba no momento mais instável... Minha falta de sorte é ter de suportá-lo não da mesma forma de alguns anos, mas evoluído, tão tope quanto o lado obscuro da minha mente. Faz me lembrar do passado distante, de quando a guerra e a distância eram inimigos indestrutíveis diante a inocência e pureza das cousas do coração. Minha fraqueza serão meus erros.... meus erros serão minha ruína. Tornarei-me algo desprezível e indolente, enfrentando os dias futuros me corroendo com esse pensamento de que no final tudo ficará bem. Sim, sou testemunha disso, mas não se repetirá comigo. Ao menos que a coragem seja ressuscitada, viverei os dias eternos em um celeiro desasseado, assistindo TV.

2.2.03

"The spice must flow!"