29.7.05

Começando...

O tempo flui através das vidas que me contornam e entona um brilho que me causa náuseas. Sim, confesso, tal luz me ofusca devido a uma cobiça que, mesmo não admitindo, existe em algum lugar na minha mente. Me esforço para entender como o ciclo caminha para sua conclusão lá fora, porém aqui não exibe nem vestígios de que irá emergir. Lá, não muito distante daqui, a pureza da inocencia mistura-se com o ardil da carne, olhares se flertam e almas se conjugam. Ao mesmo tempo, tudo é exposto à ruinas e o adeus emite, sem querer, a sensação de que tudo nessa vida é passageiro. Porém, o tempo é fugaz e astuto, quase nunca deixando que a linha que compreende o ciclo seja desviada. É assim que, devido a uma insanidade conformada, deixo o tempo esvair diante meus pés.

Enquanto sons e imagens formam harmonicamente uma coreografia, meus pensamentos e sentidos conflitam, em uma interminável batalha. Quanto mais velho o tempo terá de ficar para que seja extinta essa sina que me persegue? Quão mais jovem o futuro terá de ficar para que o espaço entre minha existência e a que mundo acolhe diminua? Quantas chuvas mais escoarão em meu rosto até que as dúvidas se cessem e a luz quente invada minha alma?