25.11.02

"Mais um dia sufocante nesse indispensável trabalho e não tenho vontade de seguir o mesmo caminho de sempre: para a faculdade. Sinceramente não estou muito bem (mentalmente falando) e preciso de um tempo a só. Talvez eu siga para o cinema, existem alguns filmes que eu desejo assistir. Mas minha decisão é abalada pelo meu amigo que insiste em me convencer à ir para a aula. Fico na indecisão e chega o momento de escolher: diversão ou obrigação? Não sei o que foi, mas a decisão não foi tomada por mim. Fui então para mais um dia de aula...como eu já havia sentido, não haveria de ser comum. No caminho senti que algo aconteceria por ter feita aquela escolha. Algo que eu me lembraria para sempre. Fiquei prestanado atenção nos movimentos urbanos, as expressões das pessoas, os sons da nossa querida terra empoeirada... nada de anormal, tudo conforme o cotidiano. Mas eu me enganara pois seria um surpresa a qual não estaria preparado. Foi no intervalo da faculdade que todo aconteceu e confesso que só fui perceber que esse era o motivo dias depois, montando o quebra-cabeças da minha consciência. Voltando ao intervalo, estava com meus dois melhores amigos a conversar ali, encostados na grade, como sempre havíamos feito quando apareceram duas garotas. Uma tinha cabelos quase loiros, com pele clara e grandes olhos. A segunda tinha a pela com tonalidade mais escura, longos cabelos escuros e uma expressão dificil de se compreender. O momento de observação passou e começamos a conversar. Logo pude perceber algo diferente, pois na menina de cabelos escuros havia muitas coisas em comum. Conforme íamos falando, cada um ia descobrindo algo semelhante no outro (isso acontece até hoje) e a surpresa ia aumentando cada vez mais. O intervalo passou em uma velocidade incontável e nos despedimos.
No final do dia, vindo embora para meu lar, fiquei mentalizando o que tinha ocorrido mas não achara que fora algo especial. Nisso errei grandemente..."

15.11.02

Sua recordação é minha dor
Peterson Foka

Insisto em confiar no meu âmago
Corta minha dolorosa carne
Alerta-me da ambiguidade
Ignoro em minha tolice
Até que a luz se apague

Como evadir deste frasco
Cercado, atormentado?
Inspiro esta infamia
Penetra em meu ser
Tornar-me-ei esta desventura?

Não se aproxime
Nem me diga que sou uma rocha
Minha imagem transcreve a fortidão
Enquanto meu íntimo derrete em lágrimas
Mas isto você não pode compreender

Tente se recordar
Do inoportuno dia que me entreguei
Renunciei da minha coroa,
Para ser teu amado, teu amante
Não achaste que foste deveras?

Esta escravidão,
Imposta pela ebriedade
Caro varão da irrealidade
Deteriora minha mansidão
Aterra minha sanidade.

Oh, amiga da inocência
Fez me conhecer a penumbra
Alegrou tua alma este maldoso feito?
Agredeço por ao menos
Ter sido fiel a tua mente

Certamente me recuperarei
Tarde para te esquecer
Mas seguirei com esta flecha
Viajarei com teu cajado
Conviverei com teu arrependimento.

12.11.02

O meu tédio não dorme
Fernando Pessoa

O meu tédio não dorme.
Cansado existe em mim
Como uma dor informe
Que não tem causa ou fim.

O OCEANO
(Childe Harold’s Pilgrimage, Canto IV)

Rola, Oceano profundo e azul sombrio, rola!
Caminham dez mil frotas sobre ti, em vão;
De ruínas o homem marca a terra, mas se evola
Na praia o seu domínio. Na úmida extensão
Só tu causas naufrágios; não, da destruição
Feita pelo homem sombra alguma se mantém,
Exceto se, gosta de chuva, ele também
Se afunda a borbulhar com seu gemido,
Sem féretro, sem túmulo, desconhecido.

Do passo do homem não há traço em teus caminhos,
Nem são presa teus campos. Ergueste e o sacodes
De ti; desprezas os poderes tão mesquinhos
Que usa para assolar a terra, já que podes
De teu seio atirá-lo aos céus; assim lanças
Tremendo e uivando em teus borrifos escarninhos
Rumo a seus deuses – nos quais firma as esperanças
De achar um porto ou angra próxima, talvez –
E o devolves à terra – jaza aí, de vez.

Os armamentos que fulminam as muralhas
Da cidades de pedra – e tremem as nações
Ante eles, como os reis em suas capitais - ,
Os leviatãs de roble, oujas proporções
Levam o seu criador de barro a se apontar
Como Senhor do Oceano e árbitro das batalhas,
Fudem-se todos nessas ondas tão fatais
Para a orgulhosa Armada ou para Trafalgar.

Tuas bordas são reinos, mas o tempo os traga:
Grécia, Roma, Cartago, Assíria, onde é que estão?
Quando outrora eram livres tu as devastavas,
E tiranos copiaram-te a partir de então;
Manda o estrangeiro em praias rudes ou escravas;
Reinos secaram-se em desertos nesse espaço,
Mas tu não mudas, salvo no florear da vaga;
Em tua fronte azul o tempo não põe traço;
Como és agora, viu-te a aurora da criação.

Tu, espelho glorioso, onde no temporal
Reflete sua imagem Deus onipotente;
Calmo ou convulso, quando há brisa ou vendaval,
Quer a gelar o pólo, quer em clima ardente
A ondear sombrio, - tu és sublime e sem final,
Cópia da eternidade, trono do Invisível;
Os monstros do abismo nascem do teu lodo;
Todas as zonas te obedecem: porque és todo
Insondável, sozinho avanças, és terrível.

Amei-te, Oceano! Em meus fulguedos juvenis
Ir levado em teu peito, como tua espuma,
Era um prazer; desde meus tempos infantis
Divertir-me com as ondas dava-me alegria;
Quando, porém, ao refrescar-se o mar, alguma
De tuas vagas de causar pavor se erguia,
Sendo eu teu filho esse pavor me seduzia
E era agradável: nessas ondas eu confiava
E, como agora, a tua juba eu alisava.

5.11.02

Existe uma pessoa neste mundo que me faz pensar em muitas coisas quando estamos a conversar. Não são pensamentos comuns como os que tenho com outras pessoas. São mais complexos: sobre sentimentos, ações, situações, acontecimentos... mas de um ângulo atípico. Talvez seja seu olhar ou sua expressão juntamente com as palavras que saem da sua boca - parece um quebra-cabeça sendo montado. Me sinto como se estivesse falando com meu próprio ego, com tanta liberdade que chega a espantar-me. A sensação é tão boa e inexplicável que fez me refletir boas horas a respeito. Não cheguei a nenhuma conclusão, mesmo porque tudo é tão repentino... Mais uma vez meu fiel amigo - o Tempo - irá dizer se isso não passará de uma breve sensação ou algo que se tornará eterno. Enquanto isso espero pacientemente e com esperaça de que desta vez - pelo menos uma vez - eu esteja certo.

3.11.02

Sou muito grato e honrado em poder da um recado para esta pessoa tão especial pra mim: Miriã!!! um bjaum pra vc!!!
Está menos estressada agora?? hehehe

Minha carne hoje foi machucada pelo ser mais cruel do meu doce lar: meu cão. Estava eu feliz e distraído brincando com meu cãozito hoje... jogava o pedaço dakilo que um dia foi uma bola e lá ia ele, todo feliz atrás... me trazia de volta e eu repetia o movimento... assim persistiu durante alguns minutos... eis que, em um determinado momento, ele não queria soltar a lasca de borracha e ficava recuando com ela entre seus dentes... eu puxava, ele recuava... logo um furia enlouquecia o tomou e ele avançou em cima de mim, me mordendo... desferiu farias mordidas em minhas duas mãos... por pouco nunca mais conseguiria contar até 10 com os dedos! O resultado final foi 4 cortes e 3 furos na mão direita; 2 cortes e 2 furos na mão esquerda. Estou aqui digitando com apenas um dedo, se tento movimentar os outros sinto uma profunda dor. O que eu faço com esse filho da ferocidade? Alguém tem alguma idéia?

Ah esse horário de verão, inquieta meu âmago... perdi uma hora do meu precioso sono... mas o que ainda estou a fazer aqui? Ah lembrei... um recadinho pra minhas amiguinhas....
Aninha e Fabí da facul, bjaum!!! curto mt vcs!!!

2.11.02

Apenas Esqueci

"Esqueci de te encontrar
No dia em que combinei
Que alí estaria a mostrar
As marcas daquela luta
Fez me perder no passado
E algumas das mais belas lembranças...

Esqueci de me encontrar
Na manhã da minha maturidade
Achei que não passaria de fumaça
Pensara que após a chuva tudo se iria...
E se fora... para sempre!
Como pude sorrir para minha ignorância?

Esqueci onde encontrar
A carta que te escrevi
Naquela noite de outono...
Quando o vento soprava em minha mente
E trazia o contorno de seu rosto
Trazia a notícia que nunca o tocaria...

Esqueci de encontrar
A sociedade perdida
Mas ainda resta tempo
Enquanto escrevo essas palavras fúteis
Faço minhas malas para partir
À algum lugar onde me sinta... esquecido."


Peterson Foka