27.5.03

Eu
Peterson Foka


Ainda nesta fome de ser
Não sou, como deveria
Se já estou, como previa
Finjo outrora, como há de ver.

Em vingança da mente
Fujo, em pavor de gente
Mata, quem já não mente
Respira a noite, quem ainda sente.

Castigado na brasa moída
Tosse a doença absorvida
Alivia a alma corroída
Onde não mais há saída.

Cá continuo, existo
Onde a forma esqueceu
Quando chove não persisto
Em encontrar, o que sou eu.

24.5.03

Meu corpo implora repouso enquanto eu, sentado diante esta tela estática, tento escrever algo para preencher este quase abandonado Blog. Tento pensar em algo, inspirar-me em alguma recente situação, mas minha mente também está contra: responde vagarosamente em revolta a minha postura. O jeito é bombardeá-la com milhões de imagens e sons em movimentos ritmados...


O motivo por esta situação é simples: nesta última noite estive presente no SAMPA FESTIVAL, com shows de Charlie Brown (uma banda muito inferior as outras, cuja a atitude do vocalista com acusações diretas para outra banda foi mais uma cena de ridicularização, apesar de ter sido aplaudida pelo alienado público), Paralamas do Sucesso, Skank e Capital Inicial (com a melhor música da noite, "Primeiros Erros").


Quero agradecer ao pessoal que estava junto, que fizeram destas horas ainda mais interessantes.

19.5.03

Em certos momentos percebo o quão é fácil ser esquecido. Tudo o que faço com o tempo que é dado logo esvaece e pareço ser tão inútil quanto uma buzina de avião. Não há quem me encoraje de encarar isto de outra forma. Não há quem me faça rir das coisas mais fúteis da vida. Não há quem abre o guarda-chuva nas piores tempestades. Tudo aparenta ser um vazio no infinito na minha presença. Esses são os momentos na quais eu denomino de "nostálgico vácuo".
Então, uma incandescente febre de amor versus ódio pela própria existência queima minha mente em busca de algo que seja explicável. Como sempre, nada encontra. Soco os muros que protegem minha casa, mas o máximo que causam são dores nas minhas mãos. Acho que esse é o preço pago por aqueles que tentam entender as complexas raízes da vida, os detalhes escondidos em suas minúcias, enquanto a maioria goza de suas oferendas achando que "viver a vida com seus altos e baixos" é tudo que nos resta. Queria que fosse.

18.5.03

Ultimamente não ando fazendo muito de interessante. Pior: estou deixando o meu tempo passar vazio. Tento preenchê-lo com algo mas a preguiça sempre sobressai. Pelo menos nos últimos 5 dias fiz algo de que não há arrependimento: Fui no show do Silverchair (foi muito bom) e em um aniversário de criança, na qual recordei da minha infância jogando ping-pong com aqueles garotos...








14.5.03

Chove. Que fiz eu da vida?
Fernando Pessoa


Chove. Que fiz eu da vida?
Fiz o que ela fez de mim...
De pensada, mal vivida...
Triste de quem é assim!

Numa angústia sem remédio
Tenho febre na alma, e, ao ser,
Tenho saudade, entre o tédio,
Só do que nunca quis ter...

Quem eu pudera ter sido,
Que é dele? Entre ódios pequenos
De mim, estou de mim partido.
Se ao menos chovesse menos!

4.5.03

Fiz um wallpaper com as fotos da galera. Está em 800x600, se alguém quiser em outra resolução me avisa.


Clique na imagem para visualizar no tamanho real

3.5.03

Imagem do dia:




by Foka

Consciência inconsistente
Peterson Foka


"Minha consciência é inconsistente
derrete o gelo mas sente-se intacta
apaga o fogo mas sente-se perturbada.
Outrora, foge e mente!

Há momentos volúpeis
onde meus sentidos não são desprezados
pena que as alegrias são instáveis
penetram em minha mente... pensamentos atordoados.

Tragam-me, suguem-me
seres invisíveis julgam se fugazes
invadem meus sonhos e supreendem-me
temíveis são, disseminam maldade que são capazes.

A perversidade não tardará a ocorrer
Certo é, o absurdo vive!
Eu, pobre carnal, tentarei corroer
as entranhas de minha índole
buscarei o ausente e serei livre, livre...."

1.5.03

Quem disse que o passado é sempre passado? Hoje uma dessas folhas de outono que outrora se fora voltou, quase no início do inverno, e fez me a surpresa e a alegria superar este ultrapassado orgulho. Observo que viventes seres preferem ocultar seu pretérito e empurrar sua carroça para frente, mas esquecem de que essa carcaça sempre estará lá, atormentando-o até que resolva o que mal terminou. Há poucas horas eu fazia parte desses incluídos nas teias do egoísmo e arrogância que impedia-me de pronunciar uma simples vogal quando confrontava-me diante tal condição. A rispidez daquelas fotos em minha mente eram mais fortes do que eu, mesmo meu ego não admitindo, errava cada vez mais em sua cega certeza. Fui tolo em persistir naquilo que regredia-me em pó... vejo agora o quão tempo perdi. Mas nosso destino é conhecido apenas por quem nossa fé é exaltada e nada sabemos desta pacata história. Tantos encontros foram armados, tantas situações foram apresentadas, e eu as ignorei com pensamento de superioridade. Idiotice. O tempo esvaeceu e quanse tombei em sua casca. Sorte minha que, em um lapso de tempo, a última lasca se rompeu em minha direção e a segurei com minha alma, trazendo-a de volta a sua forma que fora esquecida por muitos. O passado fora resgatado e o impasse resolvido, permitindo que a água daquele rio pudesse em fim evacuar em direção ao mar. O mais surpreendente é que o gosto, mesmo após miturar-se com as águas salgadas, continua o mesmo! O mais irônico é a volta que essa folha deu por anos, para só agora cair e continuar seu processo, exatamente de onde havia parado. O mais incomum é esta saliente felicidade que me toma por ter chutado a aversão e agarrado o afago. Uma nova pitada de inépcia para esta já incoerente vida.