25.12.03

Olho la fora e nada mais vejo alem da lua iluminando e tua face confundindo minha mente. Ainda que pudesse entender o sentido do teu olhar, jamair poderia te-lo, pois a mim ja nao mais e permitido. Ainda que eu pudesse crer em teu sorriso, jamais poderia retribui-lo, pois a mim voce nao veria. Ainda que pudesse a chuva tocar nossas almas, a minha permaneceria intacta, pois o nada e tudo que a sustem. Arrependo-me com estas palavras que, no tempo que eu podia nao quis, e agora, que quero, nao mais existo. Sou apenas a materia vazia, vendo-te partir sem ao menos poder dizer que voce fez sentido na minha vida, mesmo sem saber.

12.12.03

Aqueles séquitos nefastos tramam as próprias ambições, e eu, pedra sorrateira, sou um guarda-chuva em dia ensolarado. Pensam eles, seres cegos pelas riquezas envenenadas, que sou como um fantoche que se usa e depois joga longe. Não tenho irmãos, não tenho amigos, sou eu e minha própria imagem sem cor. No entanto, não há motivo para ser envolvido pela ignorância e fraqueza. Vou fugir deste reino, ao monte norte irei, e talvez lá faça uma fogueira. Quando notarem a fumaça se desfazendo no ar, já estarei milhas avante, em alguma desolada terra. Que façam suas próprias propinas e traições, como quem brinca de vida na própria morte. Esperarei a voz do maltrapilho soar sem dor e então voltarei trazendo maus agouros para estes seres infames. As más notícias se alastrarão como epidemia de doença incurável, fazendo cairem no oco do mundo tomados pelo medo. Verão que suas caras vestes, admiráveis jóias, intocáveis jardins, invejosos castelos valem tanto quando a alergia que toca meu pé. Estes ingratos sentirão o gosto do próprio cuspo que lançaram no prato dos escravos, saborearão a dor das chibatadas desferidas, não durmirão em dia de caos. Sem suas mordomias ao alcance, deixarão suas cinzas se misturarem com as areias do deserto, sem vínculos a serem lembrados - será quando estarei pronto para voltar e aquecer-me na fogueira.

9.12.03

Sem amigos
Peterson Foka


O mundo anoiteceu
Sua sina trouxe vultos
Dos que não mais acordam
Em uma época que não deveria viver
Sem amigos para sorrir.

Tão longe não há como ir
Se só neste áspero lar
Como se o céu fosse cair
Sem amigos para suportar.

Como mergulhar em lágrimas
preso neste arrogante lamaçal?
Ainda que correr e soprar palavras
Não haveria quem as ouvir
Sem amigos para falar.

A vida pretende assim partir
Se dia extende o seu chegar
Como se deixar de existir
Sem amigos para chorar.