28.10.02

Eis a definição mais que perfeita do dia em que a aparente estrada se tornara apenas mais uma da muitas ruas sem saída...


"Eu era como um fantasma, mas atrapalhara por ser visível"


27.10.02

Bate, bate

Bate, bate
martele minha alma
Disperce meus pensamentos
Entrelace suas raízes
Em minha perturbação,
Desolação.

Viajo além dos limites
para ver-te, doce tortura
alimentado pela máscara da esperança
Por que esconde-te de mim?
Esconde o verdadeiro desfecho?

Exploda em milhões de lanças
Serão o bastante para as bastardas sentinelas...
Tentando corromper o ingênuo pesar?
Transforma-lo-ei em rocha
Que derreterá nos devaneios adormecidos
Queimará não as respostas
Mas sim a nascente que as compõe

Essas intermináveis linhas
Aprontam me agora o finito
Sou finito, assim como minhas lembranças
Não as que navegam por esta velha arca
Mas as que flutuam em liberdade
Enfraquecidas pelas hostes
Nos infundáveis caminhos perdidos
Aguardam as folhas cairem, o sol se apagar
Onde todas serão completamente dizimadas
Não restará fragmento sob fragmento
Nada passará de um silencioso vazio
Que me contentará neste feito

Para que esperar a recompensa por ser afável?
Já visitaste meu âmago
Não percebeste que este é teu tesouro?
Tome-o e compreenda
que por mais que insististe em tocar as nuvens
Sempre despejarão insultos
ao te aproximaste.

Bate, bate,
apunhala esta bomba
que só bombardeia em lágrimas
nunca se cessam, nunca se satisfazem
Seres um castigo por toda a estrada?
Ah! Até quando suportarei?
Até quando?


Peterson Foka

24.10.02

Se algum dia
Se algum dia eu disser não
Não se entristeça
Se eu não concordar
Não brigue comigo
Se eu não sorrir
Não faça o mesmo
Poderei estar abrigado na tortura
Mas ver teus olhos como o oceano
Será afogar-me em lamentos.

Se eu não puder ir
Siga onde o desejar
Se eu não puder enfrentar
Lute com sua coragem
Se eu não estiver preparado
Vá na frente, e tenha paciência
Poderei estar ausente, por instantes
Se assim for, lembre do meu sorriso
E sinta me dentro de ti
Pois meus pensamentos estarão
Nas raízes do seu coração.

Se eu não puder levantar
Ajude-me a tentar
Se eu não puder falar
Compreenda-me no olhar
Se eu não puder voar
Coloque me em suas asas
Mas não vá sozinha
Poderei ser um vazo quebrado... remendado
Mas os pedaços se perderão
Se a mim deixar na solidão

Se depois de tudo
Eu continuar a chorar
E mesmo assim
Você vier me confortar
Saberei que não foi em vão
Quando criei esta sincera canção
Que soará pelos tempos
Ecoará pelos mundos
Refletirá pelos universos
Existirá no sempre
Como você, meu anjo salvador.


Peterson Foka

22.10.02

Vou fazer outra exceção, mas desta vez por um Grande motivo: quero mandar um bjaum pra minha miguinha Glaucia... apesar do pouco tempo em que nos conhecemos, posso dizer-te que você é especial pra mim. Muito.
Te adoro! Bjaum!!!

21.10.02

Nas Ruas da Minha Vida

Caminhando nesta vereda
passo pelos encantos adormecidos
por algo que deveria não permanecer
onde sol apenas existe
porem não mais reluz como antes
nas ruas da minha vida.

Nada ha de mudar
enquanto esta melodia tanger
O dia será o mesmo
Os pássaros seguirão para norte
Os peixes para o sul
Como sempre hão se seguir
nas ruas da minha vida

Tento almejar o céu
em seu silencioso poente
parece ser mais um, como sempre
mas hei me de trair
o que esta diferente?
Vejo mas não compreendo
não mais igual será
nas ruas da minha vida

O que impede-me de desaparecer?
essa nostalgia da vida que,
quando ha o motivo para ser continuada
deteriora-me a cada instante.
Enquanto percebo a melodia ser mudada
dou um passo para tentar fugir
das ruas da minha vida

Seja você, mais uma trilha a ser seguida
ou talvez um novo atalho
não obrigue me a avançá-lo
deixe-me ir embora
não posso mais caminhar na neblina
ao menos que você prometa
que não me deixaras partir sozinho
nas ruas da minha vida.


Peterson Foka...always

20.10.02

REVOLTA
"Alma que sofres pavorosamente
A dor de seres privilegiada
Abandona o teu pranto, sê contente
Antes que o horror da solidão te invada.
Deixa que a vida te possua ardente
Ó alma supremamente desgraçada.
Abandona, águia, a inóspita morada
Vem rastejar no chão como a serpente.
De que te vale o espaço se te cansa?
Quanto mais sobes mais o espaço avança...
Desce ao chão, águia audaz, que a noite é fria.
Volta, ó alma, ao lugar de onde partiste
O mundo é bom, o espaço é muito triste...
Talvez tu possas ser feliz um dia. "

Vinicius de Morais

16.10.02


"Ninguém pode perceber sua passagem. Silenciosamente, ocultou-se na penúmbra, arrastou-se por entre as árvores e desapareceu na escuridão. Quando menos imaginava, não restava mais nada, apenas os restos de uma festa destruída. Olho em volta e vejo a desolação, o nada contornado pelos destroços das pútridas criaturas. O último e mais importante havia-se ido. E agora o que faremos? Não podemos mais usar suas crias como iscas, nem a chuva como aviso. Outro plano haverá de ser pensado antes do amanhecer, ou então conheceremos a cidade morta. Anos e anos de esforços para nada. Algo me diz que esta foi a última chance. Ainda que haja restos de esperança, não há forças para usá-la. Sinto-me pior por estar sozinho, nem ao menos posso me levantar para acordá-los. Falando nisso, onde vocês estão? Como pude me esquecer de vocês? E se também estiverem mortos? Preciso me levantar..."

14.10.02

Vivente Luz

"Meu coração, tomado pela angustia
meu pensamento, contamidado pela tristeza
pareciam impaciveis em tal posição
infundáveis eram os conselhos que ouviam
Mas havia aqueles selos de fé
que nunca desistiam de sobrar o vento
O mesmo que levou a folha do outono,
trouxe a pétala da primavera
Oh, quase tarde eu percebera
que ha beleza na tristeza
que ha alegria na solidão
que ha serenidade na confusão
Tive que viajar nas trevas
buscar pela água no deserto
e suportar a aflição
de olhar para trás e ver apenas minhas pegadas
Mas eu haveria de achar o oásis
e achei... apenas o primeiro deles
pude ouvir tocar no horizonte
o mais puro som de uma flauta
Pude fechar os olhos e não mais ver a escuridão
desta vez haveria de ser diferente
O som aproximava-se, tocava minh'alma
Todo o passado então, em forma de luz
viajou em meus pensamentos
Desta vez, apenas os alegres momentos
ria como um louco meio aos incrédulos viventes
Não importava
Apenas queria que fosse eterno, no tempo que durasse.
Quando então houve o silencio
Descerrei meus olhos
minhas pernas abalavam-se diante tal radiante luz
Você, anjo da felicidade
Veio me fazer chorar, não mais no tormento
Trouxe me a chuva, não mais no frio
Fez me temer, não mais o medo
Fez viver o que ha muito não mais existia
Fez me enxergar que o motivo da alegria
Estava diante meus olhos
como a luz da lua .


Desde então,
quando a saudade bate em meu coração
Olho para o céu escuro e contemplo sua imensidão
Luz da Senhora da Noite
Seja a mim, como eu a ti
Fale me do amor, que ha muito se esvaiu
Envie um recado, ao que ainda sobrevive
Que em breve nos encontraremos
E o que era um instante
se tornara o infinito. "


Peterson Foka

3.10.02

Vou-me embora pra pasárgada

Vou-me embora pra Pasárgada
Lá sou amigo do rei
Lá tenho a mulher que quero
Na cama que escolherei
Vou-me embora pra Pasárgada

Vou-me embora pra Pasárgada
Aqui eu não sou feliz
Lá a existência é uma aventura
De tal modo inconseqüente
Que Joana a Louca de Espanha
Rainha e falsa demente
Vem a ser contraparente
Da nora que nunca tive

E como farei ginástica
Andarei de bicicleta
Montarei em burro brabo
Subirei no pau de sebo
Tomarei banhos de mar!
E quando estiver cansado
Deito na beira do rio
Mando chamar a mãe-d’água
Pra me contar as histórias
Que no tempo eu de menino
Rosa vinha me contar
Vou-me embora pra Pasárgada

Em Pasárgada tem tudo
É outra civilização
Tem um processo seguro
De impedir a concepção
Tem telefone automático
Tem alcalóide à vontade
Tem prostitutas bonitas
Para a gente namorar

E quando eu estiver mais triste
Mais triste de não ter jeito
Quando de noite me der
Vontade de me matar
- Lá sou amigo do rei -
Terei a mulher que eu quero
Na cama que escolherei
Vou-me embora pra Pasárgada.


Manuel Bandeira

"Acordado não estarei se sóbrio
Se morrerei sufocado pelo mesmo
Durmindo permanecerei quando ébrio
Que seja quando o sono soar pasmo"


PetersonFoka

2.10.02

Mais uma vez aqui, no imperdível mundo de recordações, gestos, sons e palavras. Ouço uma seqüência sonora, que faz me lembrar do tempo não vivido, de momentos que não existiram. Tempo em que se podia correr livremente pelo bosque, encontrar caminhos secretos nas entranhas da natureza. Ah como era bom escutar o som da cachoeira tocando as pedras, o borbulhar das águas recém nascidas, o interminável movimento causado pelos ventos... Penso em ainda um dia poder reviver isto, nem que seja por um breve momento. Talvez desta vez não mais sozinho, talvez com alguém que, em algum lugar deste macro universo, esteja pensando o mesmo que eu. Se por um segundo, nossos pensamentos pudessem se cruzar, poderia eu ter um sonho melhor. (...) Talvez eu já te conheça. Talvez seja uma recente aparição. Talvez não exista. Tudo pode ser apenas fruto da mina fértil imaginação, que busca em alguém algo que já foi encontrado, porém não existem semelhanças. Ou existem? Oro para que sim. A confusão em minha mente começa quando penso já ter encontrado. Não uma, mas duas luzes que persistem em reluzir no mais profundo consciente. Fere meu coração. Se eu apenas tivesse o poder da escolha, seria menos tortuoso. Mas como esperar em algo que já esta perdido e crer em algo além do meu alcance? Poderei eu ter uma chance meio a este oceano de espinhos? Não tenho medo de mais uma vez ser contaminado pela dor. Apenas temo por mais uma vez estar enganado. Enganando-me.